sexta-feira, 29 de junho de 2012

dia #103 - helô

mexendo nas pilhas de livros, encontrei dois do manoel de barros me esperando escondidinhos. por mais bizarro que pareça, não lembrava que os tinha...
abri um dos livros ao acaso, o livro das ignorãças, para ver se a poesia lia meu momento. e leu, como sempre.

"Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas."


"XIII
As coisas não querem mais ser vistas por pessoas
razoáveis:
Elas desejam ser olhadas de azul -
Que nem uma criança que você olha de ave."