sexta-feira, 6 de julho de 2012

dia #110 - Carlos

Ponto final

Seguindo as calçadas de pedra, percorria ruas e buscava encontrar o lugar, que, por puro descuido, deixei de anotar o endereço. Na andança, tropecei e, quando vi, estava na esquina da noite, carregado pelo vento, com um cigarro apagado entre os dedos. Atravessei um batente sem porta e encontrei um salão em que uma poltrona vazia convidava-me a ficar. O pianista corria languidamente os dedos sobre as teclas de um piano sem som. “O que vai beber?”, perguntou-me uma jovem. Balbuciei algo em resposta. Deixei o cigarro apagado sobre o cinzeiro. A jovem voltou e trouxe na bandeja uma caixa que colocou sobre a mesa. Retirei a tampa com desprezo e vi, no interior, um vazio pequenino que tomava, pouco a pouco, toda a caixa e cobria um livro no qual se lia Toda a História. Fechei-a, acendi o cigarro e, junto com a sua fumaça, preenchi um guardanapo com essas linhas que encerro agora. O piano fez-se ouvir junto com o ponto final.

Nenhum comentário: