quinta-feira, 10 de maio de 2012

dia #53 - helô

conversavam sobre a morte e placas de concreto sobre caixões em uma vala comum com pelo menos seis pessoas. a terra, para a surpresa da filha, só vinha por último. ela ficou feliz que o caixão da mãe estava separado dos demais. mas a alma da mãe pouco ligava para onde o corpo estava. tanto fazia concreto, terra, madeira.

vim pensando na morte, no tempo que passa, em como não perder tempo com coisas que não valem a pena. fiquei feliz por estar me afastando de situações que não trazem nada de bom, de não sorrir à toa, de fazer o bem a quem retribui o bem. tenho me envolvido menos nos problemas dos outros e percebi que o que eu achava que era altruísmo, na verdade era uma tremenda intrusão.

quando encontramos nosso caminho nessa vida, é importante não nos desviarmos dele. e isso dá um trabalho diário e tanto, porque uma atitude dessas incomoda os outros feito elefante no fusquinha. aprendi, apanhando bastante, que muitas pessoas querem o nosso pior e nos fazem pensar o contrário. mas, sabe, no dia em que a morte vier me buscar, eu tenho certeza que vou sorrir pra ela e segui-la sem medo. meu caminho já terá sido percorrido. e tanto vai fazer concreto, madeira, terra, vaso, memória. o que vai valer é que eu usei o meu tempo aqui com o que e com quem eu acredito, vou ter feito bom uso do presente que a vida me deu.

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