domingo, 27 de maio de 2012

dia #69 - Carlos

O conformismo, escondido atrás de discursos cheios de retórica envolvente, aproveita-se das derrotas que acumulamos no cenário caótico da educação no país, do descaso das instituições com a construção de um conhecimento comprometido com a autonomia de pensamento dos jovens em oposição aos sistemas mercadológicos de ensino, para nos levar a acreditar que nossa luta diária por uma realidade mais humana foi derrotada, triunfando o mundo que não oferece espaço para ideologias transformadoras.

Contra isso e em defesa da esperança, trago um trecho da Declaração de La Realidad, escrita pelo Subcomandante Marcos, do Exército Zapatista de Libertação Nacional, em 1996, no México. (A declaração foi lida por uma professora da PUC que nos brindou com um discurso sobre a necessidade de resistirmos à falsa crença de que as ideologias estão mortas).

“Uma nova mentira nos é vendida como história. A mentira da derrota da esperança, a mentira da derrota da dignidade, a mentira da derrota da humanidade. O espelho do poder nos oferece um equilíbrio para a balança: a mentira da vitória do cinismo, a mentira da vitória do servilismo, a mentira da vitória do neoliberalismo.

Em vez de humanidade nos oferecem índices das bolsas de valores, em vez de dignidade nos oferecem globalização da miséria, em vez de esperança nos oferecem o vácuo, em vez de vida nos oferecem a internacional do terror.

Contra a internacional do terror representada pelo neoliberalismo, devemos levantar a internacional da esperança. A unidade, acima de fronteiras, línguas, cores, culturas, sexos, estratégias e pensamentos, de todos os que preferem a humanidade viva.

A internacional da esperança. Não a burocracia da esperança, não a imagem inversa e, portanto, semelhante àquilo que nos aniquila. Não o poder com novo signo ou novas roupas. Um alento sim, o alento da dignidade. Uma flor sim, a flor da esperança. Um canto sim, o canto da vida.
A dignidade é essa pátria sem nacionalidades, esse arco-íris que também é ponte, esse murmúrio do coração sem importar o sangue que o vive, essa rebelde irreverência que burla fronteiras, alfândegas e guerras.

A esperança é essa rebeldia que rejeita o conformismo e a derrota.”

Um comentário:

Júlia disse...

Lindo.
O poder das palavras para nos arrepiar até sugar uma lágrima do encanto.