O conformismo, escondido atrás de
discursos cheios de retórica envolvente, aproveita-se das derrotas que acumulamos
no cenário caótico da educação no país, do descaso das instituições com a
construção de um conhecimento comprometido com a autonomia de pensamento dos
jovens em oposição aos sistemas mercadológicos de ensino, para nos levar a
acreditar que nossa luta diária por uma realidade mais humana foi derrotada, triunfando
o mundo que não oferece espaço para ideologias transformadoras.
Contra isso e em defesa da
esperança, trago um trecho da Declaração
de La Realidad, escrita pelo Subcomandante Marcos, do Exército Zapatista de
Libertação Nacional, em 1996, no México. (A declaração foi lida por uma professora
da PUC que nos brindou com um discurso sobre a necessidade de resistirmos à
falsa crença de que as ideologias estão mortas).
“Uma nova mentira nos é vendida
como história. A mentira da derrota da esperança, a mentira da derrota da
dignidade, a mentira da derrota da humanidade. O espelho do poder nos oferece
um equilíbrio para a balança: a mentira da vitória do cinismo, a mentira da
vitória do servilismo, a mentira da vitória do neoliberalismo.
Em vez de humanidade nos oferecem
índices das bolsas de valores, em vez de dignidade nos oferecem globalização da
miséria, em vez de esperança nos oferecem o vácuo, em vez de vida nos oferecem
a internacional do terror.
Contra a internacional do terror
representada pelo neoliberalismo, devemos levantar a internacional da
esperança. A unidade, acima de fronteiras, línguas, cores, culturas, sexos,
estratégias e pensamentos, de todos os que preferem a humanidade viva.
A internacional da esperança. Não
a burocracia da esperança, não a imagem inversa e, portanto, semelhante àquilo
que nos aniquila. Não o poder com novo signo ou novas roupas. Um alento sim, o
alento da dignidade. Uma flor sim, a flor da esperança. Um canto sim, o canto
da vida.
A dignidade é essa pátria sem
nacionalidades, esse arco-íris que também é ponte, esse murmúrio do coração sem
importar o sangue que o vive, essa rebelde irreverência que burla fronteiras,
alfândegas e guerras.
A esperança é essa rebeldia que
rejeita o conformismo e a derrota.”
Um comentário:
Lindo.
O poder das palavras para nos arrepiar até sugar uma lágrima do encanto.
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